sexta-feira, 19 de junho de 2015

Esse dia foi loko: Robert Plant

Você não precisa ser meu melhor amigo ou melhor amiga pra saber que eu tenho, desde os 12 anos de idade, uma paixão real pelo Robert Plant. Eu achei que ia passar com o tempo, mas não. Está aqui, firme e forte.
Aliás, só para dar um pouco de contexto, ele foi o motivo para eu ter vindo aos Estados Unidos pela primeira vez, em 2012. Havia boatos de que eu estava na pior, e eu estava mesmo, então resolvi me dar um presente e realizar o meu maior sonho. Como a máquina do tempo ainda não existe e eu não poderia me transportar para o final da década de 60, pensei "qual o meu segundo maior sonho?" Menos de meio segundo depois, a resposta: ver o Robert Plant.
Foi então que comecei a planejar a minha ida ao Sunflower Blues Festival, em Clarksdale, Mississippi. Resolvi dar uma viajada pela área, vim para Memphis e conheci meu marido, Robert (eu sei, mesmo nome). O resto está sendo história.
Pouco antes da viagem para ver o Robert Plant se concretizar, o próprio Golden God confirmou que iria tocar no Brasil no mesmo ano. Tudo bem. Me diverti no show em Clarksdale, conheci cidades maravilhosas e também o amor da minha vida, com quem me casaria, um ano depois. Então voltei ao Brasil para ver o primeiro amor da minha vida, com quem eu sempre sonhei, e foi na minha própria cidade que o encontro finalmente aconteceu:


De lá pra cá, já vi o show desse maravilhoso 4 vezes, mas vou contar como foi o último (até agora), que aconteceu no dia 12 de junho, dia dos namorados.


Confesso que quando cheguei no Mud Island Amphitheatre, local onde o show aconteceu, eu estava um pouco frustrada. Meu chefe havia comprado ingressos para todos do meu trabalho irem ao show e reservado o "rooftop" do Madison Hotel (um dos hoteis mais caros em Memphis) para a pre-party. Já comecei a ficar tensa quando cheguei no Madison e um cara que trabalha comigo falou "acabei de pegar o elevador com o Robert Plant, não tem nem 3 minutos!" Sempre tive a sensação de que tinha perdido o Robert Plant por 40 anos, mas naquele dia eu o perdi por 3 minutos. Que tortura!
Durante todos os segundos do show de abertura, o excelente Keb' Mo', só tinha uma coisa passando pela minha cabeça: perdi o Robert Plant por 3 minutos.
Bobeira minha, porque no momento em que as luzes se apagaram e a banda se colocou no palco, eu percebi que não não tinha perdido nada. Ele estava ali. Mais presente do que nas fotos que eu colava nos meus cadernos, quando adolescente. Mais real do que no DVD de The Song Remains the Same, que eu insistia em assistir todos os dias da minha vida, há anos. Quando as primeiras notas de The Lemon Song começaram, era "aqui e agora". Não era 1973, Nova York, Led Zeppelin, aquela realidade distante. Estava acontecendo na minha vida, Eu, agora casada, aos 24 anos de idade. E ele, aos 66 anos, dando uma aula de Rock N Roll.

http://www.setlist.fm/

Minha banda preferida é Led Zeppelin, mas não se iludam. Eu não estava esperando ouvir Led Zeppelin naquela noite. A carreira solo do Robert Plant é excepcionalmente rica e é mais um motivo para a minha admiração. Equanto muitos dos meus artistas preferidos vivem de relançamentos, remasters, reuniões, re... Robert Plant continua sendo relevante e atual, sem usar o passado de bengala. Prova disso é seu álbum mais recente, "lullaby and... The Ceaseless Roar". Ainda é Robert Plant. É a voz dele. Mas não é Led Zeppelin. Ainda bem, né? 35 anos se passaram desde o fim do Led Zeppelin. Não vamos tentar arrumar o que não está quebrado.
Foi assim que a minha alma explodiu de alegria quando Robert Plant cantou, palavra por palavra, The Lemon Song, logo pra começar arregaçando. Aguenta, coração?

"Turn It Up", do novo álbum. "Black Dog", clássica do Led Zeppelin. "Rainbow", a música mais linda de "lullaby and... The Ceaseless Roar". E então, amigos e amigas, senhoras e senhores, "Going to California". Se existissem palavras para descrever como foi escutar essa música ao vivo, eu usaria. Mas não existem.

Minha felicidade não durou apenas uma noite. No dia seguinte, todos os meus colegas de trabalho não pararam de falar sobre como o show tinha sido incrível.
"Comprei o álbum dele e agora vou ter que passar 4 dias escutando, sem parar".
"Nunca tinha sentido atração por homem na minha vida, até ontem a noite".
"O cabelo dele, meu Deus do céu!"
"Quando o vento batia no cabelo dele, muito charmoso!"
"Agora só vou cantar segurando o microfone que nem ele".

Por um dia inteiro, todas as pessoas ao meu redor me entendiam. O assunto que é a minha realidade todos os dias, estava sendo comentado por todos. Passei o dia conhecendo pessoas que vieram para Memphis para ir ao show e trocando histórias. Heaven.
No final da tarde, a banda do Robert Plant deu o ar das graças no Sun Studio. Eles fizeram o último tour do dia. Eu vestia a camisa do show, o que rendeu uma boa conversa com o guitarrista, Justin Adams. Foi nessa conversa que descobri que eles não iriam embora até o dia seguinte, domingo, em que se apresentariam no Bonnaroo Festival.
"Obviamente, irão descansar amanhã", pensei. Ledo engano!
Foi no domingo, dia 14 de junho, dois dias depois do show, mais ou menos às 11 horas da manhã, que recebi uma mensagem no celular: Robert Plant está no Lafayette's Music Room, assistindo um show.
Sem exagero, o Lafayette's não fica nem 4 minutos de onde eu trabalho, mas mesmo assim, foi um sufoco pra chegar lá. Primeiramente, não consegui achar a chave do carro (mais tarde, descobri que eu havia trancado a chave dentro do carro). Um amigo que trabalha comigo me deu a chave dele e disse "vai com o meu carro, depois a gente acha a sua chave, agora não é hora de procurar". Achei que meus problemas estavam resolvidos, só até chegar na rua em que o bar fica, em que o carro simplesmente morreu. Me senti na cena de Whiplash, em que o personagem principal se envolve em um acidente de carro, deixa o local do acidente e continua andando, ensanguentado, para chegar pontualmente no lugar em que vai se apresentar. Tirando que na vida real não teve acidente, eu não estava ensaguentada e não deixei o carro na rua (ou seja, tirando tudo), apenas pedi ajuda pra empurrar o carro até o encostamento e saí correndo.

Quando cheguei no Lafayettes, Robert Plant já estava saindo. Eu não quis fazer a doida e não fui falar com ele, apenas olhei de longe, até que o guitarrista me reconheceu do dia anterior e falou "vai lá falar com ele!" e eu fui. Nisso, Plant estava atravessando a rua e eu atravessei com ele. Caminhamos juntos, até chegarmos no estacionamento. Foi aí que ele se virou e estendeu a mão para mim.
Não sei como qualquer outra pessoa reagiria nesse momento, mas eu fiquei completamente sem reação. Fiquei uns bons segundos repetindo "oh my God, oh my God", até ele se aproximar mais, sorrindo, olhando nos meus olhos, e dizer "it's ok, dear".
Aconteceu. Apertei e beijei a mão do Robert Plant, repetidamente. Decidi não falar nada, apenas deixar que o momento falasse por si.
Plant se despediu, entrou no carro, sorrindo, e eu tentei voltar para a vida real.
Quando atravessava a rua, mais uma surpresa: olhei para o lado e vi que um carro se aproximava, Era ele. De dentro do carro, no lado do passageiro, ele sorria e acenava para mim. Acenei de volta.
Até a próxima, dear...

3 comentários:

  1. Nossa, que história perfeita e surreal hahaha fico mto feliz q vc tenha encontrado ele de novo assim tão descontraído. Sortuda! Tb aaamo lemon song!! Set massa

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  2. Tenho orgulho de ser amigo desta menina, menina não, mulher, o tempo passou a conheço + ou - desde 20004, 2005 na época do Orkut e desde bem novinha sempre entendeu de Rock, Blues, Música boa, de Arte e sempre procurou aprender mais e correr atrás dos seus objetivos, uma vencedora, fã de 1º de Led Zeppelin. Menina, lhe desejo sempre sucesso,minha querida amiga "Kaká", você merece, sempre digo esta frase: "Quando amamos alguma coisa ou algo de verdade, o Universo conspira a nosso favor", está aí mais uma prova disso!

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  3. Que saga!! Também se não fosse uma saga, não teria acontecido com vc. Boa história, boas experiências, boa vida essa... Aproveite.

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